Um post dedicado à Dona Zeca!
Hoje tenho fotos fresquinhas. O dia amanheceu sorrindo, mas se mostrou emburrado logo às 9h da manhã, o que não me desanimou em nada a sair rumo a Bocaiúva do Sul, cidadezinha de 10 mil habitantes que faz parte da região metropolitana de Curitiba, um ótimo lugar para quem, como eu, precisa de sossego e de estar perto da natureza. E o melhor, tudo isso muito próximo de casa. São 35 quilômetros de Curitiba até lá. Uma ótima pedida para viajar gastando pouco.
O caminho é deslumbrante. A BR-476 (Rodovia José Richa) segue contornando uma cadeia de montanhas, muitas com natureza intocada e sem sinal de um ser humano sequer por perto. Em alguns momentos parecia estar em uma estrada deserta. Viajava sem pressa, passando pelas muitas curvas sinuosas da estrada a uma média de 40 quilômetros por hora, até que parei em uma barraca na beira da rodovia para tomar um caldo de cana fresquinho.
O capricho com a limpeza e a organização do lugar me impressionaram. O dono da baraca me falava sobre as conspirações da Coca-Cola para industrializar o caldo da cana. Então, de repente, esquilos! Sim, esquilos apareceram, como se já fosse totalmente normal a preseça deles ali. Eu fiquei com cara de turista bobo. Enquanto eu batia fotos deles (bem de pertinho), eles ficavam me observando e, calmamente, comiam o coco que já estava preparado ali para eles.
Mais tarde, já no perímetro urbano (como costumam dizer as placas), bateu a fome. E foi aí que conheci a Dona Zeca, uma senhora muito simpática, das mais tradicionais moradoras de lá e dona do restaurante Broto. De fora, a aparência do lugar me chamou a atenção; uma casa grande, de madeira, varanda com plantas... enfim, aquela carinha de casa de vó. Lá dentro, toalhas xadrez, chão de assoalho (segundo a Dona Zeca, tem gente que vai lá só porque adora o assoalho) e comida boa: arroz, feijão, bisteca, ovo, macarrão... O restaurante da Dona Hermínia (Dona Zeca é como lhe chamam; Hermínia é o nome verdadeiro) já serviu até como ponto de parada dos ônibus, quando ainda não existia rodoviária na cidade. Nesse tempo, ainda sem o asfalto, levava-se uma hora e meia no trajeto até Curitiba. Com 80 anos comemorados recentemente, a Dona Zeca ainda trabalha em plena forma; diz ela que ainda não começou a colocar açúcar no feijão, rs.
Após uma rápida visita à igreja matriz da cidade (que tem um estilo arquitetônico peculiar e é cercada por grades), peguei novamente a estrada rumo à próxima cidade, Tunas do Paraná, mais especificamente ao Parque Estadual da Lancinha. Mas cheguei lá muito tarde, o atendimento ao público era somente até às 16h. O frio e a chuvinha que começava a cair me motivaram a dar meia volta. O parque vai ficar para uma próxima...
Interessante que, ao chegar em casa, vi algumas notícias sobre o intenso movimento nas estradas e sobre grandes congestionamentos devido ao feriado. Quase sem querer, me afastei de tudo isso hoje. A região de Bocaiúva do Sul é riquíssima em belezas naturais, mas ainda não tem um apelo turístico forte (como Quatro Barras, por exemplo). Enfim, é um lugar a ser ainda descoberto.
Nota 1: A Dona Zeca não me deixou fotografá-la, saiu correndo quando cheguei perto dela com a câmera (ora, não estava arrumada, rs).
Nota 2: Veja mais fotos da minha viagem até Bocaiúva so Sul no meu flickr: http://www.flickr.com/photos/raphaelbernadelli/sets/72157625012622213/