segunda-feira, 29 de novembro de 2010

No silêncio da madrugada



É noite
O mar, à frente, se esconde

A lua não apareceu
Há nuvens no céu
E a brisa toca o meu rosto

Sob o romantismo das luzes amarelas
No silêncio da madrugada
A noite me convida para dançar

A paz de Deus inunda o meu peito
Sua beleza se manifesta
Mesmo em uma noite nada estrelada


SOBRE A FOTO

O lugar: Mês de julho, inverno... e eu estava em Guaratuba. O mar gelado e o vento cortante não me desanimaram. Gosto de conhecer lugares em épocas de pouco movimento. Gosto de ouvir o sussuro do mar. Em Guaratuba, no inverno, não há carro com som alto nem as grandes festas ou shows característicos do verão.

A composição e a técnica: Gosto também de fotos noturnas, de explorar a magia das longas exposições. Ao invés de centésimos de segundo, são 20 ou 30 segundos capturados em uma única foto.
É muito importante pensar em como compor os elementos em uma foto desse tipo. Aliás, ao fazer uma foto com longa exposição, normalmente há tempo para pensar, olhar, analisar, medir, testar... Bem, a composição dessa imagem utiliza dois planos muito bem definidos: as folhas à frente, que se transformaram em uma espécie de moldura ornamental, e as pilastras ao fundo, que formam uma linha horizontal que dá a base de sustentação da imagem. O tripé, nesse caso, foi fundamental. Além de cumprir a função de não deixar a câmera tremer durante a exposição, ele me possibilitou utilizar uma abertura de diafragma bastante reduzida, o que fez com que ambos os planos da imagem ficassem focados.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Mais de 1000 visitas!

Olá pessoal,

Em menos de três meses o meu blog já passou das 1000 visitas. Agradeço a você que volta e meia dá uma passadinha por aqui pra saber o que está rolando. Sinta-se sempre em casa!

Super abraço e, mais uma vez, obrigado.

Raphael Bernadelli

Torre Panorâmica das Mercês



Quando viajo para qualquer cidadezinha ou cidadezona nunca deixo de ir aos principais pontos do lugar. Turista é assim. Mas vocês já perceberam que normalmente não somos nada turistas na cidade em que moramos? Às vezes descubro lugares em Curitiba que são parada obrigatória para qualquer turista mas que eu mesmo nunca havia visitado.

Será que todo curitibano conhece a Torre Panorâmica das Mercês? Bem, moro há dez anos de Curitiba e, por incrível que pareça, é a primeira vez que vou a um dos pontos turísticos mais bacanas da cidade.

A Torre das Mercês é, na verdade, uma torre de telefonia que foi construída pela Telepar, já foi da Brasil Telecom e agora pertence à Oi.

Lá de cima dos quase 110 metros de altura a cidade de milhões de habitantes parece caber na palma da mão. A vista de 360 graus é de tirar o fôlego. Bairros, ruas, parques, pontos turísticos... com paciência e olhar clínico é possível identificar muita coisa observando a cidade do alto.

Para completar a visita, no térreo há um pequeno museu com antigos equipamentos telefônicos.

Ah, o ingresso custa R$ 3,00.




Nesta foto: no canto esquerdo, o Museu Orcar Niemayer e, no canto direito, o Palácio Iguaçú, sede do governo do estado.



Ao fundo, toda a exuberância das silhuetas da Serra do Mar.


Antigo equipamento telefônico em exposição.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Pequenas folhas



Em dias de sol
De céu azul profundo
O mundo pára
Para ver a beleza das pequenas folhas


SOBRE A FOTO
Quando fazem dias assim, em que o azul do céu nos faz perder o fôlego, adoro pegar a câmera e me perder por aí. Às vezes nas ruas do meu bairro, às vezes nas redondezas da casa de algum amigo ou parente que vou visitar, enfim... Quando tirei essa foto estava andando pelo centro, quase no Alto da XV. Gosto muito de contrastar o verde ou laranja das folhas com o azul do céu; tenho várias fotos que fiz dessa forma. Esse tipo de composição acaba sendo muito natural, pois normalmente olhamos as árvores de baixo e, exatamente por isso, quase sempre vemos o céu ao fundo delas. É o que basta. Acredito na verdade da beleza das coisas naturais.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

2° Encontro de Baixistas de Curitiba



Em julho deste ano, entre os dias 15 e 17, rolou o 2° Encontro de Baixistas de Curitiba, organizado pelo baixista Nei Rangel. Estive lá a convite do super baterista Valmir Pêgas, cobrindo o workshow no qual a estrela principal era o instrumento que normalmente quase ninguém "sabe" ouvir, aquele que sempre é confundido com a guitarra, uma guitarra de cordas grossas.

O problema de fotografar um evento como esse é que às vezes me perdia curtindo a música. E não era pra menos; foram instrumentais de altíssimo nível, com solos, grooves e frases de tirar o fôlego.

O evento também contou com fóruns e workshops com baixistas renomados. Pra quem quiser saber mais sobre o encontro, acesse o vídeo oficial clicando aqui.











Mais fotos no meu Flick.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Quero ser caminhoneiro



Meu primo
quando pequeno
ao ser perguntado
sobre o que seria na vida
Disse com orgulho
— Quero ser caminhoneiro, igual meu pai!


SOBRE A FOTO
Ia de ônibus para Bandeirantes, minha terra natal. A viagem duraria a madrugada toda. Mais ou menos à 1:30h chegara a hora da parada. Como em todas as outras vezes em que fizera a mesma viagem, essa era a hora em que iria ao banheiro, comeria alguma coisa e depois mataria o restante do tempo olhando os peixes na piscina artificial do posto de combustível. Mas desta vez estava preparado, de câmera em punhos. A imagem acima estava na minha mente há tempos. Sempre achei muito bonita a luz dourada do poste batendo nos caminhões estacionados sobre o chão de paralelepípedos.

domingo, 31 de outubro de 2010

Feirinha do Juvevê



Curitiba é cheia de feiras populares a céu aberto. Além da clássica feirinha da Ordem (que de 'feirinha' não tem nada), quase todo bairro tem a sua.

Fui conhecer a feirinha do Juvevê, que acontece todo sábado na Rua Alberto Bolliger. Olha, me realizei. Comi pastel, milho verde, comprei frutas, salames e queijos, tudo muito mais barato que no mercado e com qualidade superior. Ah, com o adendo de poder provar nacos de queijo e pedaços de frutas para constatar se eram realmente bons.

Pra mim, que não sou lá muito fã de ficar horas e horas dentro de galpões sem janelas sendo bombardeado por informações visuais (falo dos mercados de hoje em dia), uma feira a céu a aberto é uma excelente opção para fazer as comprinhas da casa e passear ao mesmo tempo.

É, redescobri o romantismo de uma feirinha.


Kombi velha é item de preseça obrigatória em qualquer feira.


As plaquinhas das feiras são muito cult. Muitas tipografias (fontes) recentes foram baseadas nesse tipo de escrita manual.


Muitas e muitas frutas.


Queijos e salames de encher a boca d'água.


Gosto desse tipo de sacola (muito usada para carregar laranjas). Acho muito bonito o padrão da textura.


Mais fotos no meu flickr.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

O dia vai indo embora



De longe
Ao pôr-do-sol
Contemplo a cidade

De leve
Desprovido de intenção
O dia vai indo embora

São cores vivas
De um momento único
Esplendido
E fugaz

Tanto que
Ao fim do verso
O dia já me abandonara


SOBRE A FOTO
Fim de tarde no Parque Barigui, em Curitiba. Já havia dado uma volta quase completa no parque. Depois de tomar chuva por um bom período da caminhada, Deus resolveu fazer arte no céu antes do dia acabar. Voltei pra casa molha
do e com frio, mas com o coração repleto de paz.

domingo, 10 de outubro de 2010

Bocaiúva do Sul

Um post dedicado à Dona Zeca!

Hoje tenho fotos fresquinhas. O dia amanheceu sorrindo, mas se mostrou emburrado logo às 9h da manhã, o que não me desanimou em nada a sair rumo a Bocaiúva do Sul, cidadezinha de 10 mil habitantes que faz parte da região metropolitana de Curitiba, um ótimo lugar para quem, como eu, precisa de sossego e de estar perto da natureza. E o melhor, tudo isso muito próximo de casa. São 35 quilômetros de Curitiba até lá. Uma ótima pedida para viajar gastando pouco.



O caminho é deslumbrante. A BR-476 (Rodovia José Richa) segue contornando uma cadeia de montanhas, muitas com natureza intocada e sem sinal de um ser humano sequer por perto. Em alguns momentos parecia estar em uma estrada deserta. Viajava sem pressa, passando pelas muitas curvas sinuosas da estrada a uma média de 40 quilômetros por hora, até que parei em uma barraca na beira da rodovia para tomar um caldo de cana fresquinho.

O capricho com a limpeza e a organização do lugar me impressionaram. O dono da baraca me falava sobre as conspirações da Coca-Cola para industrializar o caldo da cana. Então, de repente, esquilos! Sim, esquilos apareceram, como se já fosse totalmente normal a preseça deles ali. Eu fiquei com cara de turista bobo. Enquanto eu batia fotos deles (bem de pertinho), eles ficavam me observando e, calmamente, comiam o coco que já estava preparado ali para eles.





Mais tarde, já no perímetro urbano (como costumam dizer as placas), bateu a fome. E foi aí que conheci a Dona Zeca, uma senhora muito simpática, das mais tradicionais moradoras de lá e dona do restaurante Broto. De fora, a aparência do lugar me chamou a atenção; uma casa grande, de madeira, varanda com plantas... enfim, aquela carinha de casa de vó. Lá dentro, toalhas xadrez, chão de assoalho (segundo a Dona Zeca, tem gente que vai lá só porque adora o assoalho) e comida boa: arroz, feijão, bisteca, ovo, macarrão... O restaurante da Dona Hermínia (Dona Zeca é como lhe chamam; Hermínia é o nome verdadeiro) já serviu até como ponto de parada dos ônibus, quando ainda não existia rodoviária na cidade. Nesse tempo, ainda sem o asfalto, levava-se uma hora e meia no trajeto até Curitiba. Com 80 anos comemorados recentemente, a Dona Zeca ainda trabalha em plena forma; diz ela que ainda não começou a colocar açúcar no feijão, rs.







Após uma rápida visita à igreja matriz da cidade (que tem um estilo arquitetônico peculiar e é cercada por grades), peguei novamente a estrada rumo à próxima cidade, Tunas do Paraná, mais especificamente ao Parque Estadual da Lancinha. Mas cheguei lá muito tarde, o atendimento ao público era somente até às 16h. O frio e a chuvinha que começava a cair me motivaram a dar meia volta. O parque vai ficar para uma próxima...





Interessante que, ao chegar em casa, vi algumas notícias sobre o intenso movimento nas estradas e sobre grandes congestionamentos devido ao feriado. Quase sem querer, me afastei de tudo isso hoje. A região de Bocaiúva do Sul é riquíssima em belezas naturais, mas ainda não tem um apelo turístico forte (como Quatro Barras, por exemplo). Enfim, é um lugar a ser ainda descoberto.

Nota 1: A Dona Zeca não me deixou fotografá-la, saiu correndo quando cheguei perto dela com a câmera (ora, não estava arrumada, rs).

Nota 2: Veja mais fotos da minha viagem até Bocaiúva so Sul no meu flickr: http://www.flickr.com/photos/raphaelbernadelli/sets/72157625012622213/

domingo, 3 de outubro de 2010

Dia de eleição



Levantei cedo
Escovei os dentes e saí

Era domingo
Dia de eleição

A rua, um mar de panfletos
Os muros, tomados de rostos sorridentes

Velhos, novos
Carecas, barbudos
Sargentos, professores e pastores
(sempre sorrindo)
Brigavam por uns poucos metros quadrados
E pela minha atenção

Fiz que não vi
Minha mãe me ensinou a não dar trela a desconhecidos


SOBRE A FOTO
Essa imagem faz parte de uma seção que fiz em 2002 para um trabalho da faculdade (é, já fazem 8 anos...). Saí pela cidade registrando toda a sujeira e a poluição visual gerada pelos nossos queridos candidatos. O engraçado é perceber as "brigas" entre os militantes. Em uma noite, vai lá a turma do candidato A e enche um muro de cartazes. Passada mais uma noite, o muro já amanhece com fotos do candidato B, que foram coladas sobre os cartazes do seu rival. E assim sucessivamente. Em alguns casos, fiz questão de rasgar os cartazes; acreditem, era incrível a quantidade de camadas. É o caso dessa foto, tirada de um poste no centro de Curitiba.

domingo, 26 de setembro de 2010

Máquinas de costura e câmeras digitais

Era uma vez uma vovó e sua netinha, a Alice. A vovó era costureira, sempre foi. Desde 1951, quando herdou de sua mãe a velha máquina de costura, ela a utiliza para trabalhar. No mês passado, dia 10, a Alice completou quinze anos. Sua avó lhe deu de presente um lindo vestido rodado de seda, cor lilás, bem acinturado. Alice, menina simples, usava em sua festa, feliz da vida, o vestido de seus sonhos.

Corta.

Quando Alice ganhou o vestido de sua avó, imagine o que ela disse. Terá sido: "Nossa vovó, que vestido lindo; mas também, com aquela máquina qualquer coisa fica boa!"?

Acho que não.

Pois é, muitas vezes já ouvi algo parecido. É provável que você também já tenha ouvido. Talvez até tenha dito algo do tipo:

— Nossa, que foto bonita. Mas também, com uma super câmera igual a essa é fácil!

Sem nenhuma pretensão ou indignação, quero fazer você refletir um pouco sobre isso.

A popularização da fotografia começou com as primeiras câmeras compactas da Kodak; uma revolução. Todo mundo podia ter uma câmera. Mas uma revolução maior ainda estava por vir: a da fotografia digital. Hoje, além de todo mundo ter a sua câmera digital ultra compacta, os recursos que na época do filme eram previlégios dos fotógrafos profissionais estão presentes em quase todas as câmeras, até nas mais baratas. Controle de exposição, balanço de brancos, regulagens manuais de obturador e diafragma; está tudo lá, para todo mundo.

De repente muita gente começou a tirar muito mais fotos. Um simples aniversário pode render umas 200 fotos, ou até mais.

Aí eu paro e te pergunto: nesse mar de imagens, o que diferencia um bom fotógrafo? Será a câmera de dois quilos com lentes enormes que ele exibe orgulhosamente pendurada ao pescoço? A resposta é não.

Para fazer boas fotos é necessário, antes de qualquer coisa, saber ver. É o olhar do fotógrafo que faz uma foto ser boa. Ao mirar os olhos no visor ou ao olhar para o LCD da câmera é necessário ter plena consciência de onde colocar cada objeto naquele pequeno espaço e de como as linhas, cores e formas se harmonizarão.

Fotografia é algo simples, é uma arte, a arte do olhar atento, que enxerga imagens mesmo quando não há câmera para registrá-las. É arte que você pode fazer com seu celular ou até com uma latinha de Nescau. Não há regras, há apenas bom-senso, ou melhor, o seu senso.

Pra ilustrar, vejam só alguns exemplos de fotos que eu tirei utilizando câmeras mais simples (clique sobre elas para ampliar).



Não quero fazer propaganda da Coca-Cola. Mas enfim, na ocasião ela serviu bem como primeiro plano. Nessa época eu ainda não tinha câmera digital, então emprestei uma de 2 megapixels de um amigo. Na foto estão meu tio Luciano e meu primo caçula, o Pedro, num almoço em família há alguns anos atrás. Reparem na luz lateral que inunda os copos e nos planos bem definidos (1° plano: a coca; 2° plano: os copos; 3° plano: as pessoas).



O chão tecnológico é da passarela do Shopping Muller sobre a Mateus Leme. Apoei a camerazinha digital no chão para captar a textura e conseguir um ângulo diferenciado.



Captei esse pôr-do-sol com uma câmera de filme compacta (dessas que todo mundo antes tinha; era só apertar o botão, lembram?) . O céu parecia imitar os traços de uma bela aquarela.



A textura e os defeitos dessa fotos devem-se à câmera que utilizei, uma Pen, clássico dos anos 1960, uma câmera linda, pequenininha, com um design super cult. Alguém um dia pensou que ela não serviria mais pra nada...

terça-feira, 21 de setembro de 2010

O preço da banana



A expressão é famosa
Ouço desde pequeno
— Vendi a preço de banana

Mas, afinal de contas, qual é o preço da tal da banana?
— É seis real aquele cacho dos grande, moço

Coisa inédita
Um enigma de uma vida inteira
Enfim, descobri – e fotografei – o preço da banana

SOBRE A FOTO
Era carnaval; voltava de um retiro em Blumenau. O ônibus parou na região de Garuva, em uma das várias quitandas típicas que ficam na beira da estrada. Jacas enormes, linguiças por metro, e, principalmente, bananas, muitas bananas (seis real o cacho, rs).

sábado, 18 de setembro de 2010

Conferência Ministerial 2010



De 20 a 22 de agosto aconteceu, na Igreja Metodista do Bacacheri, a Conferência Ministerial 2010. O evento, que reuniu mais de 800 pessoas, contou com uma série de oficinas sobre as mais diversas áreas que compõem a vida de uma igreja, desde música, passando por missões e pregação, até administração.

Eu estive lá registrando os cultos, oficinas e preparativos. Fiz parte da turma de vermelhinhos, como era chamado o pessoal que estava trabalhando. Aliás, muita gente ali se doou de verdade pra fazer da conferência um sucesso; era gente limpando o banheiro, cuidando dos carros, cozinhando, e por aí vai... A organização foi o ponto forte; fomos divididos em equipes de trabalho separadas por área, cada uma com o seu coordenador.

Separei algumas imagens que mostram um pouquinho do que aconteceu. Digo um pouquinho porque é definitivamente impossível traduzir fielmente a grandeza do que aconteceu ali, nem mesmo se eu mostrasse aqui as 500 fotos que tirei.

Clique sobre as imagens para ampliá-las.





Mais fotos no meu Flickr: clique aqui

terça-feira, 14 de setembro de 2010

É primavera!



Aleluia, floresceu
Floresceu a Aleluia do meu jardim
Pela manhã, flores brancas
Que, ao fim do dia, roxearam
Como num passe de mágica

É primavera.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Taquaruçu de Cima

No feriadasso prolongado saí de Curitiba rumo ao interior do interior de Santa Catarina, uma terra bem longe de Floripa e de qualquer uma das belas praias catarinenses chamada Taquaruçu de Cima (sim, existe a 'de baixo'). Depois de mais ou menos 400 km de viagem, passando por três ou quatro rodovias diferentes, eu ainda não tinha chegado. Mais 30 km de estrada de terra me aguardavam. Tadinho do carro; tinha tomado banho semana passada. O clima seco daqui predominava por lá também; ou seja, muuuuita poeira. Mas tudo isso vale a pena; chegando lá é impossível querer ir embora. Não se ouve barulho de carro, não existe poluição. Há apenas o cantar dos galos às seis da matina e o cheiro fresco do orvalho sobre a terra.

O Taquaruçu é uma terra linda, cheia de araucárias (infelizmente antes muito mais do que agora), matas nativas, plantações, riachos e colinas. A Cidade Santa do Taquaruçu, como os mais acalorados a aclamam, foi o palco central da Guerra do Contestado. Hoje a comunidade é formada por agricultores e desdendentes de caboclos. Vale a pena uma visita ao Museu do Jagunço, idealizado pelo Seu Pedro Felisbino (meu sogro), que guarda a memória da guerra sangrenta.

Dias como esses são preciosos; muita prosa boa, passeios pela mata, comida farta o tempo todo, muito tempo pra ler e refletir. Como eu já disse uma vez no Fotolog: lá o dia parece ter muito mais que vinte e quatro horas.


Sítio do Seu Pedro (na parte inferior da foto) e arredores


Museu do Jagunço


Esse é o Peteleco

E esse é o Fox, cão super companheiro


Calêndula do jardim da Dona Lora



Olha só o carro; parece que saí de um rali

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Sutilezas, detalhes... Fotografia



A fotografia me fez conhecer novos universos. Um desses universos - e talvez o mais instigante de todos eles - é o das sutilezas; aquelas coisas simples, tão normais, coisas que a gente não precisa procurar muito para achar, afinal elas estão aqui, ao meu lado, e aí, à sua volta. Ao observar coisas tão banais descobri imensa beleza; talvez não aquela beleza que a maioria valorize, mas algo de uma singularidade surpreendente: a beleza dos detalhes.

Parece bobagem, mas sinto que a felicidade está intimamente ligada a essas coisinhas que nos cercam, coisinhas para as quais nem damos bola. Coisinhas como conchinhas na praia, tão pequeninas, mas tão perfeitas; coisinhas meigas como um flagra de um carinhoso beijinho entre irmãs; coisinhas gostosas como uma colorida gelatina com creme de leite; e por aí se vai... O que quero dizer, é que quando atentamos às sutilezas do nosso dia-a-dia começamos a ver beleza nelas, e podemos até sentir a paz que essas pequenas, mas sublimes coisas podem nos trazer.

Ao buscar captar tudo isso por meio da fotografia, não conta muito se utilizo uma câmera de vinte megapixels ou uma simples câmera analógica descartável. O que importa é a sensibilidade do olhar e da alma; sim, é necessário ser meio bobo mesmo. É necessário muitas vezes não pensar no objeto fotografado, e sim nas cores e formas que enchem de luz o invólucro escuro da câmera. Nesse nível é possível, com sorte, encontrar-se com o abstrato, resultado de muitas doses de subjetividade, onde o objeto é aparentemente transcendido, trocado pelos seus detalhes, ou a sua percepção é alterada devido a um ângulo mais interessante.

Concordo com Susan Sontag quando afirma que “nossa sensação irreprimível de que o processo fotográfico é algo mágico assenta-se em bases verdadeiras”. Afinal, o que é a fotografia? Uma fração de segundo congelada no espaço. É engraçado como muitas vezes gastamos tempo admirando um desses ínfimos momentos capturados.

É exatamente esse encantamento que nós, diretores de arte, fotógrafos, designers, enfim... buscamos com todas as forças causar ao nosso público, e aí está o papel fundamental ocupado pela fotografia na sociedade atual. A capa do livro, o folder, o cartaz, a home do site, o twitter... a fotografia está em todo lugar. No meio desse mar de imagens faz diferença o profissional que sabe realmente, profundamente e sensivelmente “ver”. Se o mundo é repleto de detalhes, a fotografia é a arte de captar esses detalhes, a arte da verdade. Olhe a sua volta, enxergue a beleza que está ao seu redor. Acredite, o melhor criativo é aquele que sente. A fotografia me ensinou isso.

Texto originalmente publicado na seção Ponto-e-Vírgula do site do Clube de Criação do Paraná (http://www.ccpr.org.br/interna.php?pagina=pontovirgula&tpg=2&id=187).